Waldir Quadros[1]
Apresentação
Este é o terceiro texto de uma série, focado nos jovens de 14 a 24 anos. Tal como nos anteriores, a abordagem é eminentemente descritiva, podendo ser desdobrada e aprofundada em monografias e artigos.
Em 2019 os jovens englobam 16,7% da população, 14,2% das pessoas ocupadas e 39,7% das pessoas desocupadas, evidenciando uma presença largamente desproporcional no desemprego.
1. Evolução da população juvenil
Observando a Tabela 1, destaca-se de imediato a queda contínua da participação juvenil no conjunto da população, fruto da redução da natalidade.
As menores taxas de natalidade configuram um dos aspectos centrais da evolução demográfica contemporânea, que decorre fundamentalmente do avanço da participação feminina no mercado de trabalho e na educação.
De 2012 a 2019 a redução absoluta foi da ordem de 2 milhões de jovens.
Tabela 1: BRASIL- POPULAÇÃO DE 14 a 24 ANOS
ANOS | Nº (mil) | % do Total |
2019 | 34.936 | 16,7 |
2018 | 35.581 | 17,1 |
2017 | 36.344 | 17,6 |
2016 | 36.177 | 17,7 |
2015 | 36.447 | 18,0 |
2014 | 36.253 | 18,0 |
2013 | 36.630 | 18,4 |
2012 | 36.905 | 18,7 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
Neste período, a porcentagem de mulheres no conjunto da população ficou na faixa dos 52%. A tabela 2 apresenta a população feminina de 14 a 24 anos e sua participação no total das mulheres, que passa de 18% em 2012 para 16% em 2019. Como vimos anteriormente, esta queda reproduz o comportamento do conjunto dos jovens.
Tabela 2: BRASIL- POPULAÇÃO FEMININA DE 14 a 24 ANOS
ANOS |
Nº (mil) | % das mulheres |
2019 | 17.272 | 15,9 |
2018 | 17.374 | 16,2 |
2017 | 17.926 | 16,8 |
2016 | 17.677 | 16,8 |
2015 | 18.055 | 17,3 |
2014 | 17.913 | 17,3 |
2013 | 18.186 | 17,7 |
2012 | 18.266 |
17,9 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
A Tabela 3 apresenta os mesmos dados para a população juvenil masculina, com igual evolução.
Tabela 3: BRASIL- POPULAÇÃO MASCULINA DE 14 a 24 ANOS
ANOS | Nº (mil) | % dos homens |
2019 | 17.664 | 17,5 |
2018 | 18.207 | 18,1 |
2017 | 18.418 | 18,5 |
2016 | 18.501 | 18,7 |
2015 | 18.392 | 18,7 |
2014 | 18.341 | 18,8 |
2013 | 18.444 | 19,1 |
2012 | 18.639 | 19,5 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
A população de cor preta ou parda, segundo a classificação do IBGE, passa de 53% da população total em 2012, para 56% em 2019.
A tabela 4 apresenta a população juvenil de pretos e pardos e sua porcentagem no total das pessoas deste segmento, que passa de 20% em 2012 para 18% em 2019. E também a participação dos jovens pretos e pardos no total dos jovens, que avança de 57% em 2012 para 61% em 2019.
É importante mencionar que este avanço, além da evolução demográfica, deve ter sido bastante influenciado por razões comportamentais, no âmbito da afirmação negra, bem como pela política de cotas e demais ações afirmativas. Sem dúvida, elas devem impactar significativamente a declaração da cor/raça em inquéritos domiciliares.
Tabela 4: BRASIL- POPULAÇÃO DE PRETOS E PARDOS DE 14 a 24 ANOS
ANOS | Nº (mil) | % dos pretos e pardos | % do total de jovens |
2019 | 21.320 | 18,1 | 61,0 |
2018 | 21.715 | 18,7 | 61,0 |
2017 | 21.955 | 19,2 | 60,4 |
2016 | 21.578 | 19,3 | 59,6 |
2015 | 21.176 | 19,4 | 58,1 |
2014 | 20.888 | 19,6 | 57,6 |
2013 | 21.071 | 19,9 | 57,5 |
2012 | 20.899 | 20,1 | 56,6 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
2. Evolução do desemprego juvenil
Como sabemos, o desemprego cresceu muito com a crise, passando de 7 milhões de pessoas em 2012 para 12,5 milhões em 2019.
Entre os desempregados, as mulheres são a maioria como é apresentado na Tabela 5. Em 2012 atingiam 53,4% do total de pessoas desempregadas, caindo de 2015 a 2018 e alcançando 54,5% em 2019.
Tabela 5: BRASIL- DESEMPREGO FEMININO
ANOS | Nº (mil) | % do Total |
2019 | 6.802 | 54,5 |
2018 | 6.474 | 51,2 |
2017 | 6.748 | 51,7 |
2016 | 5.899 | 50,0 |
2015 | 4.592 | 51,8 |
2014 | 3.640 | 53,3 |
2013 | 3.846 | 54,6 |
2012 | 3.756 | 53,4 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
Entre os jovens o desemprego passa de 3 milhões para 5 milhões, reduzindo de 44% para 40% sua ainda muito elevada participação no total dos desempregados, como se verifica na Tabela 6.
Tabela 6: BRASIL- DESEMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS
ANOS | Nº (mil) | % do Total |
2019 | 4.957 | 39,7 |
2018 | 5.100 | 40,4 |
2017 | 5.320 | 40,7 |
2016 | 4.951 | 42,0 |
2015 | 3.770 | 42,6 |
2014 | 2.909 | 42,6 |
2013 | 3.071 | 43,6 |
2012 | 3.069 | 43,6 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
Entre os desempregados jovens as mulheres também são maioria, exceto em 2018, como se apresenta na Tabela 7.
Tabela 7: BRASIL- DESEMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS
ANOS | % feminino | % masculino |
2019 | 52,6 | 47,4 |
2018 | 49,0 | 51,0 |
2017 | 51,1 | 48,9 |
2016 | 49,6 | 50,4 |
2015 | 51,3 | 48,7 |
2014 | 52,2 | 47,8 |
2013 | 53,4 | 46,6 |
2012 | 51,2 | 48,8 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
A participação das pessoas de cor preta ou parda no total de desempregados avança de 60% em 2012 para 65% em 2019, passando de 4 milhões para 8 milhões.
Refletindo a evolução demográfica, a participação dos jovens no total dos desempregados pretos ou pardos no período analisado recua de 44,5% para 40%, como é apresentado na Tabela 8.
Tabela 8: BRASIL- DESEMPREGADOS PRETOS E PARDOS DE 14 a 24 ANOS
ANOS | Nº (mil) | % do Total de Pretos e Pardos |
2019 | 3.225.365 | 39,9 |
2018 | 3.323.756 | 40,9 |
2017 | 3.424.170 | 41,2 |
2016 | 3.166.940 | 43,0 |
2015 | 2.341.067 | 43,2 |
2014 | 1.796.111 | 43,3 |
2013 | 1.933.577 | 44,7 |
2012 | 1.875.262 | 44,5 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
Apresentamos a seguir a origem social dos jovens desempregados.
Na Tabela 9, com a participação de cada camada social, verifica-se que a maior parcela se encontra em famílias da Baixa Classe Média que, rigorosamente, são melhor classificados como “pobres intermediários”. Se acrescentarmos os Pobres da massa trabalhadora e os Miseráveis, temos que em 2015 a parcela de vulneráveis engloba 84% dos jovens desempregados e 82% em 2019.
Tabela 9: BRASIL – AGREGAÇÃO FAMILIAR – DESEMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS (Em %)
Anos | Alta Classe Média | Média Classe Média | Baixa Classe Média | Pobres | Miseráveis | TOTAL |
2019 | 5,2 | 12,4 | 42,4 | 26,0 | 14,0 | 100,0 |
2018 | 4,6 | 11,2 | 42,3 | 28,4 | 13,5 | 100,0 |
2017 | 3,9 | 12,2 | 43,4 | 27,2 | 13,2 | 100,0 |
2016 | 3,9 | 11,1 | 43,8 | 28,8 | 12,3 | 100,0 |
2015 | 4,5 | 11,4 | 47,4 | 26,1 | 10,5 | 100,0 |
2014 | 5,1 | 12,0 | 46,6 | 27,1 | 9,1 | 100,0 |
2013 | 3,5 | 11,1 | 46,0 | 29,1 | 10,3 | 100,0 |
2012 | 5,5 | 11,6 | 42,8 | 29,7 | 10,4 | 100,0 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
Os dados absolutos da Tabela 10 apontam para 3,2 milhões de jovens em famílias vulneráveis em 2015 e 4,1 milhões em 2019.
Tabela 10: BRASIL – AGREGAÇÃO FAMILIAR – DESEMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS (Em mil pessoas)
Ano | Alta Classe Média | Média Classe Média | Baixa Classe Média | Pobres | Miseráveis | TOTAL |
2019 | 258 | 613 | 2.104 | 1.287 | 695 | 4.957 |
2018 | 234 | 569 | 2.159 | 1.448 | 689 | 5.100 |
2017 | 210 | 650 | 2.310 | 1.449 | 701 | 5.320 |
2016 | 194 | 550 | 2.171 | 1.426 | 610 | 4.951 |
2015 | 170 | 431 | 1.788 | 983 | 398 | 3.770 |
2014 | 150 | 349 | 1.357 | 788 | 266 | 2.909 |
2013 | 108 | 341 | 1.411 | 895 | 315 | 3.071 |
2012 | 169 | 356 | 1.313 | 913 | 318 | 3.069 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
Para concluir apresentamos nas Tabelas 11 e 12 a escolaridade dos jovens desempregados de 20 a 24 anos.
Para não sobrecarregar a exposição selecionamos os níveis mais avançados de escolaridade, que envolvem 61% destes jovens em 2012 e 69% em 2019, indicando o avanço do desemprego entre os mais escolarizados.
Como se verifica, o nível predominante é o Médio Completo, porém em 2019 21% tinham ingressado ou completado o Nível Superior.
Tabela 11: BRASIL – ESCOLARIDADE – DESEMPREGADOS DE 20 a 24 ANOS (Em %)
Anos | Médio comp. | Superior incomp. | Superior comp. | SUB TOTAL |
2019 | 48,0 | 13,7 | 7,1 | 68,8 |
2018 | 46,0 | 13,7 | 6,5 | 66,2 |
2017 | 44,8 | 13,5 | 5,9 | 64,3 |
2016 | 46,3 | 12,7 | 5,8 | 64,8 |
2015 | 44,0 | 13,4 | 6,4 | 63,7 |
2014 | 45,4 | 11,0 | 5,4 | 61,8 |
2013 | 44,9 | 10,5 | 5,5 | 60,9 |
2012 | 46,1 | 10,5 | 4,6 | 61,2 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
Tabela 12: BRASIL – ESCOLARIDADE – DESEMPREGADOS DE 20 a 24 ANOS (Em mil pessoas)
Ano | Médio comp. | Superior incomp. | Superior comp. | SUB TOTAL | TOTAL |
2019 | 1.253 | 359 | 185 | 1.797 | 2.611 |
2018 | 1.217 | 363 | 172 | 1.752 | 2.645 |
2017 | 1.225 | 369 | 163 | 1.757 | 2.734 |
2016 | 1.155 | 317 | 145 | 1.618 | 2.496 |
2015 | 849 | 258 | 123 | 1.231 | 1.932 |
2014 | 675 | 163 | 81 | 919 | 1.488 |
2013 | 706 | 164 | 86 | 956 | 1.570 |
2012 | 698 | 160 | 70 | 927 | 1.515 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
3. Evolução do emprego juvenil
Como se observa na Tabela 13, os jovens vão perdendo participação no total de empregados ao longo do período analisado, caindo de 18% em 2012 para 14% em 2019.
Tabela 13: BRASIL- EMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS
ANOS | Nº (mil) | % do emprego total |
2019 | 13.457 | 14,2 |
2018 | 13.275 | 14,4 |
2017 | 13.624 | 15,0 |
2016 | 13.184 | 14,5 |
2015 | 14.880 | 16,1 |
2014 | 15.239 | 16,6 |
2013 | 15.883 | 17,5 |
2012 | 16.251 | 18,2 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
Os dados da Tabela 14 revelam um constante predomínio masculino entre os jovens empregados.
Tabela 14: BRASIL – EMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS
ANOS | % feminino | % masculino |
2019 | 41,0 | 59,0 |
2018 | 40,9 | 59,1 |
2017 | 41,0 | 59,0 |
2016 | 40,8 | 59,2 |
2015 | 40,4 | 59,6 |
2014 | 40,6 | 59,4 |
2013 | 40,9 | 59,1 |
2012 | 40,3 | 59,7 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
Como era de se esperar, verifica-se na Tabela 15 que a maior parte destes jovens estão entre os Pobres e na Baixa Casse Média, as duas camadas somando 72% em 2012 e 71% em 2019. Se acrescentarmos os Miseráveis, chegamos neste último ano a 91% dos jovens empregados que se encontram em situação de vulnerabilidade.
Merece menção a relativamente elevada participação daqueles denominados Ignorados, que são jovens que não declaram seus rendimentos, provavelmente por não ter uma renda regular ou porque elas são irrisórias. Esta situação é diferente daquela em que declaram rendimentos nulos. Neste caso são classificados como Miseráveis.
Tabela 15: BRASIL – ESTRATIFICAÇÃO DOS EMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS (em %)
Anos | Alta Classe Média | Média Classe Média | Baixa Classe Média | Pobres | Miseráveis | Ignorados | TOTAL |
2019 | 0,3 | 2,9 | 34,9 | 36,2 | 19,7 | 6,0 | 100,0 |
2018 | 0,3 | 2,6 | 33,1 | 37,4 | 20,4 | 6,1 | 100,0 |
2017 | 0,4 | 2,5 | 32,8 | 37,9 | 20,1 | 6,4 | 100,0 |
2016 | 0,3 | 2,6 | 30,3 | 41,8 | 18,6 | 6,5 | 100,0 |
2015 | 0,4 | 2,8 | 34,6 | 38,9 | 16,6 | 6,7 | 100,0 |
2014 | 0,5 | 2,5 | 37,3 | 37,0 | 16,1 | 6,6 | 100,0 |
2013 | 0,5 | 2,7 | 32,9 | 39,8 | 17,4 | 6,6 | 100,0 |
2012 | 0,5 | 3,5 | 33,2 | 39,0 | 16,9 | 6,9 | 100,0 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
Tabela 16: BRASIL – EMPREGADOS MASCULINOS DE 14 a 24 ANOS (em %)
Anos | Alta Classe Média | Média Classe Média | Baixa Classe Média | Pobres | Miseráveis | Ignorados | TOTAL |
2019 | 72,9 | 63,3 | 62,9 | 57,6 | 52,5 | 64,4 | 100,0 |
2018 | 64,0 | 63,6 | 61,8 | 58,8 | 54,1 | 61,6 | 100,0 |
2017 | 73,2 | 67,6 | 63,4 | 57,7 | 52,6 | 61,1 | 100,0 |
2016 | 75,2 | 66,9 | 63,6 | 57,0 | 54,6 | 62,8 | 100,0 |
2015 | 75,6 | 71,3 | 64,5 | 56,5 | 52,2 | 65,3 | 100,0 |
2014 | 75,4 | 66,8 | 63,6 | 56,1 | 52,9 | 65,7 | 100,0 |
2013 | 72,2 | 66,9 | 64,1 | 56,1 | 51,4 | 67,8 | 100,0 |
2012 | 68,0 | 64,4 | 65,6 | 57,4 | 50,4 | 64,1 | 100,0 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
Verifica-se pela Tabela 16 acima o predomínio dos jovens empregados masculinos em todas as camadas sociais. Entretanto, também é expressiva a participação das meninas entre os Pobres e Miseráveis.
Examinando a diferenciação por raça, a Tabela 17 revela o predomínio dos jovens pretos ou pardos, que avança nos anos mais recentes de agravamento da crise econômica, com a correspondente retração relativa das meninas.
Tabela 17: BRASIL – EMPREGADOS MASCULINOS PRETOS E PARDOS DE 14 a 24 ANOS
ANOS | % |
2019 | 58,5 |
2018 | 57,8 |
2017 | 57,7 |
2016 | 56,5 |
2015 | 55,8 |
2014 | 55,4 |
2013 | 54,7 |
2012 | 53,6 |
Fonte: IBGE – PNAD Contínua anual
Por fim, a Tabela 18 apresenta a estratificação dos jovens empregados pretos ou pardos. Como esperado, verifica-se uma maior presença nas camadas inferiores. São irrisórias suas participações na Alta e Média Classe Média.
Tabela 18: BRASIL – EMPREGADOS PRETOS E PARDOS DE 14 a 24 ANOS (em %)
Anos | Alta Classe Média | Média Classe Média | Baixa Classe Média | Pobres | Miseráveis | Ignorados | TOTAL |
2019 | 0,2 | 1,7 | 29,8 | 38,1 | 23,6 | 6,6 | 100,0 |
2018 | 0,2 | 1,6 | 27,1 | 40,0 | 24,5 | 6,6 | 100,0 |
2017 | 0,2 | 1,5 | 27,0 | 40,1 | 24,4 | 6,8 | 100,0 |
2016 | 0,1 | 1,5 | 24,7 | 43,8 | 22,5 | 7,3 | 100,0 |
2015 | 0,2 | 1,5 | 28,4 | 41,8 | 20,4 | 7,6 | 100,0 |
2014 | 0,3 | 1,6 | 31,0 | 39,8 | 19,9 | 7,4 | 100,0 |
2013 | 0,3 | 1,6 | 26,4 | 42,6 | 21,5 | 7,5 | 100,0 |
2012 | 0,2 | 2,0 | 26,5 | 42,2 | 21,4 | 7,7 | 100,0 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
4.A situação ocupacional dos jovens empregados
Vamos examinar agora onde trabalham estes jovens que, como já vimos, na sua imensa maioria encontram-se nas camadas populares.
A Tabela 14 revela que o Comércio é a principal atividade que gera oportunidades para jovens, com participação praticamente inalterada em 2014 e 2019. O segundo lugar fica com a Indústria de Transformação, seguida pela Agricultura, ambas com retração em suas participações. As outras atividades apresentam leve expansão, com destaque para a Construção Civil.
Tabela 19: BRASIL – ATIVIDADES DOS EMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS
ATIVIDADES | 2014 | 2019 | ||
Nº (mil) | % | Nº (mil) | % | |
Comércio | 3.998 | 26,2 | 3.552 | 26,4 |
Indústria de Transformação | 2.318 | 15,2 | 1.706 | 12,7 |
Agricultura e afins | 1.516 | 10,0 | 1.197 | 8,9 |
Construção Civil | 1.139 | 7,5 | 1.042 | 7,7 |
Alojamento e Alimentação | 814 | 5,3 | 753 | 5,6 |
Serviços Domésticos | 720 | 4,7 | 704 | 5,2 |
Outros Serviços | 666 | 4,4 | 643 | 4,8 |
SUB TOTAL | 11.171 | 73,3 | 9.596 | 71,3 |
TOTAL | 15.239 | 100,0 | 13.457 | 100,0 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
Com os dados da Tabela 15 observamos que em sua imensa maioria estes jovens encontram-se na situação de assalariados, formais ou informais, ainda que avancem os Autônomos.
Tabela 20: BRASIL –ESTRUTURA OCUPACIONAL DOS EMPREGADOS DE 14 a 24 ANOS
Descrição | 2014 | 2019 | ||
Nº | % | Nº | % | |
“Colarinhos Brancos” Assalariados | 4.641 | 30,5 | 3.981 | 29,6 |
Trabalhadores Assalariados | 6.527 | 42,8 | 5.612 | 41,7 |
Trabalhadores Autônomos | 1.211 | 7,9 | 1.504 | 11,2 |
Sub Total | 12.379 | 81,2 | 11.097 | 82,5 |
Total | 15.239 | 100,0 | 13.457 | 100,0 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
Para encerrar, vamos agora examinar as funções desempenhadas por estes jovens, separando as faixas etárias de 14 a 19 anos, na Tabela 16, e de 20 a 24 anos, na Tabela 17.
A Tabela 16 indica uma grande dispersão dos jovens de 14 a 19 anos pelas diversas ocupações, sendo as cinco primeiras: balconistas e escriturários, avançando, trabalhadores da agricultura e da construção civil, retrocedendo; e, cuidadores de crianças, expandindo. Assim sendo, eles estão presentes de forma generalizada pelo conjunto das profissões, iniciando suas jornadas profissionais.
De forma geral, observa-se uma retração nos rendimentos declarados.
Tabela 21: BRASIL – OCUPAÇÕES DOS EMPREGADOS DE 14 a 19 ANOS
Ocupação | 2014 | 2019 | ||||
Nº (mil) | % | Renda Média* | Nº (mil) | % | Renda Média* | |
Balconistas | 564 | 10,2 | 812 | 330 | 8,2 | 758 |
Escriturários gerais | 338 | 6,1 | 922 | 329 | 8,2 | 798 |
Trabalhadores da agricultura | 296 | 5,4 | 271 | 151 | 3,8 | 339 |
Trab. da construção civil | 273 | 4,9 | 840 | 138 | 3,4 | 704 |
Cuidadores de crianças | 153 | 2,8 | 424 | 136 | 3,4 | 415 |
Agricultores | 145 | 2,6 | 223 | 127 | 3,2 | 230 |
Caixas | 142 | 2,6 | 970 | 108 | 2,7 | 921 |
Recepcionistas | 142 | 2,6 | 945 | 110 | 2,7 | 846 |
Serviços domésticos | 130 | 2,4 | 422 | 82 | 2,0 | 357 |
Mecânicos de veículos a motor | 121 | 2,2 | 783 | 90 | 2,3 | 691 |
Repositores de prateleiras | 106 | 1,9 | 933 | 90 | 2,3 | 834 |
Controle de abastecimento | 100 | 1,8 | 1.129 | 53 | 1,3 | 1.043 |
Sub Total | 2.510 | 45,4 | – | 1.745 | 43,6 | – |
Total | 5.525 | 100,0 | 779 | 4.005 | 100,0 | 718 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
A Tabela 17, apresenta um perfil bastante semelhante para os jovens de 20 a 24 anos, com elevada dispersão e maior concentração nas funções de balconistas e escriturários. Entretanto, e como era de se esperar pela idade mais avançada e maior experiência profissional, seus rendimentos declarados são superiores aos da faixa etária mais baixa, apontando um caminho de progressão para os mais novos. Aqui também os rendimentos retrocedem no período.
Cabe, contudo, ter sempre presente as elevadas taxas de desemprego entre os jovens, indicando um forte movimento de “entra e sai” do mercado de trabalho e elevada rotatividade entre as profissões. Todas com baixos níveis de qualificação e relativamente fácil substituição.
Tabela 22: BRASIL – OCUPAÇÕES DOS EMPREGADOS DE 20 a 24 ANOS
Ocupação | 2014 | 2019 | ||||
Nº (mil) | % | Renda Média* | Nº (mil) | % | Renda Média* | |
Balconistas | 780 | 8,0 | 1.123 | 708 | 7,5 | 1.136 |
Escriturários gerais | 621 | 6,4 | 1.509 | 651 | 6,9 | 1.333 |
Trab. da construção civil | 355 | 3,7 | 1.036 | 243 | 2,6 | 884 |
Trabalhadores da agricultura | 268 | 2,8 | 536 | 174 | 1,8 | 628 |
Serviços domésticos | 237 | 2,4 | 653 | 176 | 1,9 | 586 |
Caixas | 225 | 2,3 | 1.190 | 244 | 2,6 | 1.146 |
Recepcionistas | 203 | 2,1 | 1.190 | 229 | 2,4 | 1.099 |
Limpeza | 200 | 2,1 | 1.026 | 167 | 1,8 | 1.044 |
Controle de abastecimento | 196 | 2,0 | 1.462 | 162 | 1,7 | 1.309 |
Pedreiros | 189 | 1,9 | 1.486 | 90 | 1,0 | 1.243 |
Agricultores | 164 | 1,7 | 577 | 192 | 2,0 | 606 |
Carregadores | 161 | 1,7 | 1.104 | 119 | 1,3 | 1.051 |
Centrais de atendimento | 159 | 1,6 | 1.164 | 158 | 1,7 | 1.113 |
Mecânicos de veículos a motor | 126 | 1,3 | 1.314 | 151 | 1,6 | 1.196 |
Cuidadores de crianças | 109 | 1,1 | 770 | 129 | 1,4 | 730 |
Repositores de prateleiras | 107 | 1,1 | 1.129 | 117 | 1,2 | 1.163 |
Padeiros e confeiteiros | 100 | 1,0 | 1.113 | 121 | 1,3 | 1.120 |
Sub Total | 4.307 | 43,2 | – | 3.832 | 40,5 | – |
Total | 9.714 | 100,0 | 1.317 | 9.452 | 100,0 | 1.208 |
Fonte: IBGE/PNAD Contínua Anual
[1] Professor Doutor da FACAMP e Professor Associado aposentado do IE/UNICAMP onde é pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho – CESIT. Nossos agradecimentos iniciais aos colegas Dr. Alexandre Gori Maia, Professor do IE/UNICAMP e Dra. Maria Alice Pestana de Aguiar Remy, pesquisadora do CESIT – IE/UNICAMP, que sempre processam os micro dados do IBGE. Sem suas colaborações seria impossível realizar minhas pesquisas. À FACAMP pelo rico e estimulante ambiente intelectual.